e-caderno dos conflitos multiculturais: Cidade de Helsínquia acaba com horários específicos para muçulmanas em piscinas públicas

12 janeiro, 2011

Cidade de Helsínquia acaba com horários específicos para muçulmanas em piscinas públicas

City of Helsinki will stop providing special hours for Muslim women to use the public swimming pool in Jakomaki. Later, the slot time for the Muslim women will be open to all women. Other swimmers have criticized the practice, according to Teemu Raatikainen, manager of the swimming pool. Previously, a swimming pool on Saturday morning Jakomaki provide specifically for Muslim women. Women were following the swim session class for young Muslim girls. The pool reopened on Wednesday (5 / 1) after closed due to renovations. From now on, the pool will be open to all women – and closed to the men – every Tuesday night. The decision to give a specific time for Muslim women is a controversial decision in Jakomaki. [...]

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Editorial

O e-caderno dos conflitos multiculturais contém um arquivo de notícias da imprensa internacional, especialmente da europeia, sobre os diversos grupos e culturas que reivindicam reconhecimento e direitos na esfera pública. Idealmente estão destinados a uma coexistência harmoniosa numa sociedade onde a diversidade cultural surge como um fim em si mesmo, reconhecendo a todas as culturas e grupos idêntico valor. Todavia, a experiência de várias décadas de implementação de políticas multiculturais na Europa e América do Norte mostra como os grupos e culturas conflituam frequentemente entre si e coarctam a liberdade individual dos seus membros, e como tais políticas, paradoxalmente, legitimam práticas discriminatórias. Mostra ainda como, em nome da diversidade, as políticas multiculturais acabam por permitir a opressão de subgrupos e subculturas, e como a coesão social pode sair fortemente afectada quando circunstâncias, internas ou externas, como as guerras da ex-Jugoslávia e o 11S, transformam a diferença cultural numa fractura política. Assim, impõe-se uma reflexão critica sobre a utopia contemporânea da sociedade perfeita, que se alimenta de um multiculturalismo académico e ideológico. Esta é apresentada como uma narrativa de progresso social e de aumento da democratização, pretensão que deve ser encarada com bastante cepticismo. Na realidade, a sua visão essencialista da cultura, a submissão do indivíduo ao grupo e o afastamento dos princípios universalistas provocam uma erosão da liberdade individual e dos direitos humanos. Tudo isto leva a interrogar-nos se estamos perante um progresso ou no limiar de um retrocesso que nos poderá levar a um novo estado de natureza hobbesiano.

José Pedro Teixeira Fernandes

jpedro@jptfernandes.com