e-caderno dos conflitos multiculturais: Segurança social britânica pagou operações de ‘reconstrução da virgindade‘ a mulheres muçulmanas

15 novembro, 2007

Segurança social britânica pagou operações de ‘reconstrução da virgindade‘ a mulheres muçulmanas

Women are being given controversial "virginity repair" operations on the NHS, it emerged last night.

Taxpayers funded 24 hymen replacement operations between 2005 and 2006, official figures revealed.

And increasing numbers of women are paying up to £4,000 in private clinics for the procedure apparently under pressure from future spouses or in-laws who believe they should be virgins on their wedding night.

Doctors said most patients are immigrants or British of ethnic origin. [...]

Ver notícia no Daily Mail

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Editorial

O e-caderno dos conflitos multiculturais contém um arquivo de notícias da imprensa internacional, especialmente da europeia, sobre os diversos grupos e culturas que reivindicam reconhecimento e direitos na esfera pública. Idealmente estão destinados a uma coexistência harmoniosa numa sociedade onde a diversidade cultural surge como um fim em si mesmo, reconhecendo a todas as culturas e grupos idêntico valor. Todavia, a experiência de várias décadas de implementação de políticas multiculturais na Europa e América do Norte mostra como os grupos e culturas conflituam frequentemente entre si e coarctam a liberdade individual dos seus membros, e como tais políticas, paradoxalmente, legitimam práticas discriminatórias. Mostra ainda como, em nome da diversidade, as políticas multiculturais acabam por permitir a opressão de subgrupos e subculturas, e como a coesão social pode sair fortemente afectada quando circunstâncias, internas ou externas, como as guerras da ex-Jugoslávia e o 11S, transformam a diferença cultural numa fractura política. Assim, impõe-se uma reflexão critica sobre a utopia contemporânea da sociedade perfeita, que se alimenta de um multiculturalismo académico e ideológico. Esta é apresentada como uma narrativa de progresso social e de aumento da democratização, pretensão que deve ser encarada com bastante cepticismo. Na realidade, a sua visão essencialista da cultura, a submissão do indivíduo ao grupo e o afastamento dos princípios universalistas provocam uma erosão da liberdade individual e dos direitos humanos. Tudo isto leva a interrogar-nos se estamos perante um progresso ou no limiar de um retrocesso que nos poderá levar a um novo estado de natureza hobbesiano.

José Pedro Teixeira Fernandes

jpedro@jptfernandes.com